MULHERES MUITO ALÉM DO NU ARTÍSTICO
- Agência ID
- 15 de nov. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de nov. de 2019

Ao longo dos anos, um tema que serve para análise, quando se trata de exposições em museus, é a desigualdade de gênero. A fraca representação de artistas femininas nesses espaços entra em contradição com a alta presença de mulheres nuas, seja em pinturas ou esculturas; elas sempre aparecem despidas, carregando na sua imagem a valorização daquela produção.
Dados de 1989 do Metropolitan Museum of Art, em Nova York, mostram que 85% das obras apresentavam nus femininos, em comparação com um número menor que 5% de mulheres com obras em exposição. No Brasil, informações de 2017 do MASP (Museu de Arte de São Paulo), apresentam 60% dos trabalhos contendo nus femininos, em contrapartida dos menos de 6% de mulheres que assinaram projetos exibidos no espaço.
Esses quase 30 anos de história não foram suficientes para reparar a diferença de gênero que existe nas manifestações artísticas. O nudismo feminino, presente em obras plásticas, garante às mulheres passe livre para entrar em museus, apesar de a maioria dos artistas serem homens. A beleza do corpo nu sofre os impactos de ideais machistas construídas na sociedade, a partir dessa falta de igualdade dentro da arte.
O grupo de ativistas feministas, Guerrilla Girls, criado em 1985, em Nova York, exploram o sexismo que existe dentro do campo da arte. No ano de 2017, as artistas chegaram ao Brasil com a exposição que era conduzida pela pergunta: “Por que em museu só entra mulher nua?”. Em público, elas se apresentam com máscaras de gorilas para protegerem suas identidades e assinam seus projetos com pseudônimos de grandes mulheres da história, como forma de homenagem.

Combater o machismo no mundo da arte é o combustível que impulsiona e move estas mulheres: um grupo de Guerrilla, que usa de suas “armas” para fazer a força feminina se impor diante de uma sociedade patriarcal. O ressurgimento do movimento feminista se faz ainda mais claro e forte com o uso dos meios digitais, onde os murais das redes sociais têm sido usados para expressar suas opiniões, bem como se faziam nos muros das cidades.
Um dos pontos, se não o principal a ser mudado na gestão dos espaços de exposição, públicos ou privados, é o fato da imagem feminina ainda ser subjugada. O aumento de oportunidades é essencial, para apresentarem suas obras, livres de estereótipos que, mesmo na arte, ainda se fazem presente nos tempos de hoje. A mulher vai muito além da representatividade de seu corpo e deve ser valorizada.

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